Entrevista para a Rede Brasil: Convicções religiosas
Entrevista para a Rede Brasil: Convicções religiosas
1. Como você “enxergou” a atitude de Wasthi?
De uma tremenda coragem e senso de oportunidade. Declarar para milhões de telespectadores que abriu mão de uma grande oportunidade para se manter fiel à Palavra de Deus deve ter exigido da moça muita convicção e firmeza de caráter. Alguém poderia argumentar que ela foi um tanto imprudente ao aceitar participar de um programa que muito provavelmente colocaria à prova suas convicções de guardadora do sábado. Pode ser. Mas o que importa mesmo é que, no momento em que se viu sob pressão, Wasthi foi fiel e pôde testemunhar de sua crença, o que deixou admirada até mesmo a apresentadora do programa. Certamente, muitas pessoas devem ter pensado no exemplo dessa jovem que decidiu não violar sua consciência e sua fidelidade para com Deus – diga-se de passagem, algo muito raro nestes tempos de relativismo e corrupção moral.
2. Em sua opinião, o que leva uma pessoa a desistir de uma oportunidade como Wasthi teve? O que acontece na cabeça de uma pessoa com convicções tão fortes?
Uma íntima relação com o Criador, sólidos princípios morais e muita convicção de que a Bíblia, de fato, é a Palavra de Deus. É relativamente fácil obedecer a mandamentos que dizem: “Não matarás”, “Não furtarás”, etc., pois, se os transgredirmos, poderemos acabar na prisão. Há aí uma relação de causa e efeito negativa que inibe muita gente. Mas o que acontece com quem transgride o mandamento bíblico do sábado? Absolutamente nada, do ponto de vista humano. Quem guarda o sábado o faz pura e simplesmente porque reconhece que esse é um mandamento divino como os demais nove. Obedece porque está escrito e porque ama quem escreveu, e não porque poderá sofrer consequências, caso desobedeça.
3. Vale a pena desistir de sonhos e oportunidades (como Wasthi fez) por causa de uma religião?
Vale a pena desistir de sonhos quando temos um sonho maior do que todos os outros. Wasthi, os cristãos bíblicos em geral e os adventistas em particular têm um grande sonho: estar prontos para se encontrar com Jesus, quando Ele voltar. Todo e qualquer sonho ou plano para esta vida fica apequenado diante dessa grande esperança. Tudo o mais fica relegado a planos inferiores em perspectiva desse grande evento. Além disso, quando se tem a consciência afinada e sensível, uma das piores coisas é viver com o pensamento de se ter transgredido princípios que servem para nos proteger e que caracterizam nossa fidelidade ao Criador. Wasthi não desistiu de uma oportunidade simplesmente por causa de uma religião. Ela abriu mão daquilo por causa de seu amor a Deus. Muitos cristãos, ontem e hoje, têm tomado decisões semelhantes todos os dias.
4. O que os adventistas ganham com a guarda do sábado? Quais os benefícios disso?
Em Gênesis capítulo 2, vemos que Deus distingue o sétimo dia dos demais dias da semana: Ele descansa nesse dia (dando-nos o exemplo), abençoa-o e o santifica (separa-o). Deus fez isso e ninguém pode revogar esse feito. Portanto, os guardadores do sábado creem que o sétimo dia contém uma bênção que os demais dias não têm. Além de ser o memorial da Criação, conforme nos lembra o mandamento de Êxodo 20:8-11, o sábado é um dia especial de adoração a Deus e de tempo para convivência com a natureza e com a família. Se corretamente guardado (leia Isaías 58:13, 14), o sábado passa ser a solução para relacionamentos deteriorados (com Deus e com o semelhante) e um poderoso “antídoto” para o estresse. Assim, a devida observância do sábado, longe de ser um fardo, como pensam alguns, é uma bênção que confere saúde física, mental e espiritual. No que concerne à comunhão com Deus, há quem diga que, durante a semana, o cristão anda de mãos dadas com Jesus; no sábado, senta-se aos pés dEle para ouvi-Lo despreocupadamente (Salmo 46:10).
5. Em sua opinião, qual deveria ser a atitude de empregadores ao se depararem com homens e mulheres que têm em sua fé o sábado?
Se eu fosse proprietário de uma empresa, por exemplo, e me deparasse com um candidato adventista, levaria em conta a fidelidade dessa pessoa. Se alguém é tão fiel e íntegro a ponto de, por seu Deus, abrir mão de um emprego, de uma promoção, de um concurso, certamente essa pessoa é do tipo confiável, que se dedicará de maneira fiel também à empresa e aos empregadores. O respeito às crenças alheias e à liberdade religiosa igualmente revela nobreza de caráter. Assim, penso que as empresas, as escolas e os legisladores deveriam levar isso em conta e impedir que sejam prejudicados os observadores do sábado, em sua manifestação de fé pacífica e ordeira.